O professor Marcos Antônio Simplício Júnior, do Departamento de Engenharia de Computação e Sistemas Digitais da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (USP), explicou que segurança da informação e criptografia são ferramentas que podem ser usadas para fins legítimos ou ilegais. “E é razoável tomar atitudes de redução de eventuais problemas que uma fermenta possa causar com duas condições. Primeiro, ao fazer isso tem que ser eficaz e resolver o problema de fato. E segundo, a solução tem que ter equilíbrio, ou seja, os eventuais malefícios que ela possa trazer não podem ser maiores que os benefícios”, disse.
Na audiência pública sobre bloqueio judicial de Whatsapp, realizada no Supremo Tribunal Federal, o especialista reafirmou que é impossível obter mensagens já transmitidas pelo aplicativo, por conta da criptografia ponta a ponta. “Mesmo com 1 bilhão de supercomputadores levariam milênios para testar todas a chaves possíveis e conseguir recuperar uma mensagem”.
Por outro lado, ressaltou que é possível obter mensagens futuras com a inserção da “porta dos fundos”. No entanto, para ele, essa metodologia não traz benefícios reais à Justiça. Segundo Marcos Antônio, existem várias técnicas que possibilitam ao usuário, em especial ao criminoso, perceber a utilização de uma porta dos fundos, como a análise de código, a verificação de mensagens e das chaves usadas. “Essa brecha viria à tona rapidamente e o aplicativo seria abandonado por criminosos. O benefício para a Justiça seria perdido”.
SP/EH